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Ana é uma jovem brasileira que fez parte do universo de artistas plásticas latino-americanas atuantes nos anos 1970 e 1980, durante as ditaduras que a maior parte desses países enfrentaram na época. Em 1968, ela foi do sul do Brasil, de uma pequena cidade do interior, para a efervescente Buenos Aires, que vivia um momento de mudança nas artes plásticas e no comportamento. Stela encontra uma pesquisa de uma universidade latino-americana que descobriu cartas trocadas entre várias artistas desse período. Seguindo essas cartas, a equipe vai para Cuba, Argentina, México, e Chile. Veja abaixo as artistas latino-americanas que deram depoimentos ou foram citadas no filme.

Antonia Eiriz nasceu em 1929 em Juanelo, um povoado perto de Havana. Quando criança teve poliomielite o que lhe deixou uma deficiência para o resto da vida, Em 1953 se inscreveu na Academia Nacional .Nos anos 50 faz parte do grupo Los Once e se tornou conhecida por suas pinturas expressionistas. Entre 1959 e 1963 foi uma voz importante na arte cubana representando seu país em inúmeros seminários no exterior. No final dos anos 60 começa a sofrer censura. Seu trabalho retratava seres humanos distorcidos e grotescos, o que não agradava ao Governo. Em 1968 deixa de pintar e volta a Juanelo onde cria um atelier de papel machê para crianças. Nos anos 70 viaja várias vezes a Miami, onde morre em 1995. Hoje é reconhecida em seu país e o Museu Nacional de Cuba tem uma sala com seus trabalhos.

Maria Luiza Bemberg, cineasta, nasceu em 1922 de uma das famílias mais tradicionais do pais. Casou, teve filhos e viveu na Europa por mais de dez anos. Quando voltou à Argentina começou a se dedicar ao cinema se transformando numa das cineastas mais prestigiadas da época. Auto-feminista declarada fundou a União Feminista Argentina. Seus filmes tratavam de mulheres que rompiam os padrões estabelecidos. “Camila “ baseado no fato real de uma jovem mulher perseguida foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Morreu em 1995.

Lea Lublin nasceu na Polônia em 1929 e imigrou aos 9 anos com sua família para a Argentina. Viajou para Paris pela primeira vez em 1951 quando se aproximou de um grupo de artistas figurativos. De volta à Argentina morou alguns anos na região de Missiones, quando abandona a pintura e se torna uma artista conceitual e multimídia. Em 1968 é convidada a participar do 24o Salon de Mai em |Paris quando apresenta a performance “Mon fils”, em que fica cuidando do filho de sete meses no Museu de Arte Moderna. Mantém seu vínculo com a cena artística argentina e nos anos seguintes realiza algumas instalações de cunho ecológico. Em 1970 retorna a Paris quando começa uma nova série questionando os lugares-comuns do discurso artístico. Morre em Paris em 1999.

Oitava dos dez filhos de uma família de artistas, músicos e intelectuais negros, Victoria Santa Cruz nasceu em 1922 em Lima. Criou com seu irmão em 1958 a primeira companhia de teatro negro do Peru. Pesquisou danças e músicas ancestrais e desenvolveu um método de auto-descoberta baseado no que chamava de “memória ancestral”. Entre1961 e 1965 estudou teatro e dança em Paris. Ao retornar ao Peru fundou o grupo Teatro y Danzas Negras com o qual excursionou em muitos países. Quando a companhia se separou em 1982, tornou-se professora da Universidade de Carnegie Mellon, em Pittsburgh, EUA. Morreu em Lima em 2014.

Kati Horna nasceu em 1912 numa família de banqueiros judeus em Budapeste. Aos 19 anos foi estudar em Berlim num grupo de artistas do qual participava Bertold Bretch e Robert Capa, seu amigo de infância. E, 1933 foge da Alemanha com a ascensão do nazismo. Em Budapeste faz um curso de fotografia e logo em seguida vai para Paris onde começa a fotografar. Vai para a Espanha em 1937 e fotografa para diversas revistas anarquistas, quando documenta a vida de comunidades durante a guerra civil espanhola. Volta a Paris quando começa sua série sobre bonecas (Bonecas de medo) Em 1939, já casada com o artista espanhol Jose Horna, foge para o México, onde faz parte de um grupo de artistas surrealistas exilados no país. Foi professora e realizou inúmeras exposições, marcando a arte mexicana até sua morte em 2000.

Lourdes Groubet nasceu em 1940 e estudou fotografia com Kati Horna. Chegou a se dedicar à pintura, mas rapidamente abandonou-a pela fotografia. Fez diversas exposições no México e em 1977 mudou-se para a Grã-Bretanha , onde estudou na escola de arte e design de Cardiff. De volta ao México, integrou o grupo Processo Pentágono, um coletivo que definia a experimentação e o trabalho em grupo como sua principal ferramenta artística. A partir dos anos 80 inicia uma série sobre a “ lucha libre” , os lutadores e lutadoras no México.

Cristina Khalo nasceu em 1960. Sobrinha neta de Frida Khalo é uma importante fotógrafa mexicana que desenvolveu algumas séries de fotografias que se tornaram livros, como Elogio da Geometria, que trabalha sobre arquiteturas. Cristina começou esse trabalho a partir de um ensaio sobre a Casa Estúdio construída para Diego Rivera e Frida Khalo por Juan O'Gorman. Segundo uma curadora de arte, Cristina é “uma criadora que enfrenta suas origens”.

A gravurista Luz Donoso nasceu em 1921. Em 1956 se inscreve no Taller 99 e expõe com o grupo. Em 1964 pinta o famoso mural na beira do rio Mapocho em Santiago em apoio à candidatura de Salvador Allende. Ganha posteriormente uma bolsa para estudar pintura mural e passa um ano viajando pela Europa. Em 1971 passa a ensinar na Universidade do Chile. Com o golpe é demitida, e nos anos seguintes, passa a questionar a apresentação de exposições em galerias. Donoso insistia que suas gravuras deviam ser expostas em lugares públicos onde pudessem se tornar ações sociais. Descrevia seus trabalhos como “ denuncia y desacato”. Morreu em Santiago em 2008.

Virginia Errazuriz nasceu em Santiago em 1941. Se dedicou à produção de gravuras, desenhos e instalações. Foi curadora entre 1971 e 1973 do Instituto de artes Latino-Americano, criado com a doação de artistas de todo o mundo em apoio ao Governo de Salvador Allende. Com o golpe e fechamento do Instituto, vem a integrar o Taller de Artes Visuales, criado por artistas durante a ditadura Pinochet. Seu trabalho tem uma vertente claramente antiestablishment mas também tem um elemento lúdico. Ela define suas instalações como enigmas que devem ser solucionados pelo espectador. Nos últimos anos vem se dedicando a educação e ensino em várias universidades de Santiago.

Lotty Rosenfeld nasceu em 1943 em Santiago e é conhecida por seu trabalho com gravura , videoarte e arte socialmente engajada. Estudou na Universidade do Chile. Depois do golpe de Pinochet, foi uma das fundadoras do grupo CADA., que levou para a rua muitas propostas artísticas. A produção imagética do grupo atingiu seu apogeu no início dos anos 80 quando criou o símbolo No + (Não mais), que foi em seguida utilizado por artistas , ativistas e políticos para denunciar uma grande variedade de injustiças sociais. Paralelamente às ações do CADA, desenvolveu sua própria obra autoral.